A necessária busca da perfeição


O conhecimento resulta do exercício de pensar o conflito das forças, no esforço da ação. Um estado de lassidão da mente e do corpo, não nos parece propício às grandes conquistas do pensamento. Ao menos no conhecimento teórico, esse exercício é tão intenso que quando as exigências já não cabem na física clássica, essa física já não cabe na efetividade epistemológica. Foi assim de Aristóteles a Newton, e está sendo assim de Einstein aos pesquisadores da revolucionária física quântica.

Talvez o êxito do conhecimento humano deva-se à comunhão - homus sápiens/homus faber . E essa reciprocidade é mantida pela simultaneidade do desenvolvimento do corpo e da mente.

O esporte, enquanto lazer (do latim licére - ser lícito, ser permitido, ter valor) assume a configuração da mais digna ociosidade; considerando que os deuses não precisam trabalhar, mas são ociosamente ocupados. E essa permissão lícita, aponta para um refinamento ético que censura o fato histórico de os senhores terem obrigado os escravos a trabalhar, quando só seria lícito, deixá-los viver prazerosamente.

O homem contemporâneo, libertado pelo esforço civilizador, assume a licitude da prática esportiva como atividade física regular, com fins de recreação e de manutenção do condicionamento corporal e da saúde. Tais fins representam o primeiro elemento da tríade lógicaestéticaética, sendo o segundo elemento representado pela boa aparência do indivíduo, e o terceiro representado pelo cumprimento do dever cívico de superar as limitações humanas; a exemplo do desempenho dos campeões, que em prol de toda a humanidade, cumprem abnegadamente essa tríade, enquanto imperativo categórico que impõe rigorosamente: seja lógico, para ser estético. Seja estético, para ser ético!

É com a lógica do intelecto e com a estética do corpo aprimorado, que cumpriremos a ética do estado de excelência que permeia a arte, o esporte e o trabalho, enobrecendo o ser humano em todas as suas atividades lícitas. 

Tomando as palavras de “O Profeta”, diremos que cada recorde de um atleta é o filho duramente gestado e parido através do seu esforço de campeão.



“Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com força, para que suas flechas se projetem rápidas e para longe. Que vosso encurvamento nas mãos do arqueiro seja vossa alegria.”
O Profeta - G.K.Gibran
“Eu vi elevar a obra através do cotidiano, apesar das invejas dos homens. Vi os escravos carregarem as pedras açoitados pelos guardas dos forçados. Vi o capataz roubar os salários. Ah, senhor! Eu era míope e achatava o nariz no objeto. Por isso só reparava na covardia, na estupidez e no lucro. Mas, do alto da montanha, vislumbro de repente um templo que se ergue para a luz.“
Cidadela - A.S.Exupéry
“Tem alguma ideia de por quantas vidas tivemos de passar até chegarmos a ter a intuição de que há na vida algo mais que lucrar, comer e angariar vantagens? Mil vidas, Fernão. Dez mil! E depois mais cem vidas até começarmos a compreender que há a perfeição. E ainda outras cem para nos convencermos de que nosso objetivo na vida é assumir essa perfeição e levá-la ao extremo.“
Fernão Capelo Gaivota - R.Bach

2 comentários:

  1. FICO FELIZ EM LER TUAS NOVAS POSTAGENS.NOS LEVA A REFLETIR, SEMPRE.

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  2. >Filósofo:Gostava mais da formatação anterior.Mas;tudo resume na busca da
    >perfeição(rs).
    >Seus textos,sempre,um desafio,um exercício para a mente,rumo ao conheci
    >mento.
    >Em tese liberto o homem contemporâneo.Pois a permissão lícita,que censu
    >ra o fato histórico...,perdura no século XXI.
    >PERMITA-ME,FILÓSOFO A ANALOGIA (TRÍADE):
    >LÓGICA
    >"Vossos filhos não são vossos filhos.São os filhos da ãnsia da vida por
    >si mesmos.Vêm através de vós,mas não de vós.Embora vivam convosco,não
    >vos pertencem.Podeis outorgar-lhe vosso amor,mas não vossos pensamentos.
    >Porque eles têm seus próprios pensamentos.Podeis abrigar seus corpos,mas
    >não suas almas.Pois suas almas moram na mansão do amanhã.Que vós não po
    >deis visitar nem mesmo em sonho."


    >ESTÉTICA
    >"A pedra não tem esperança de ser outra coisa que não pedra.Mas,ao cola
    >borar,ela congrega-se e torna-se templo."


    >ÉTICA
    >Quando finalmente conseguiu,descobriu o quanto se amava e o real senti
    >do de viver.Descobriu que podia aprender a voar,ser livre!
    >Queria poder ensinar que o paraíso não é em um lugar nem em um tempo de
    >terminado,que o paraíso é perfeito,que está ao alcance de todos.E que
    >basta querer que todos podem ir a qualquer lugar a qualquer momento."

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