Cativeiro intrínseco

Embora os tesouros do universo pertençam aos Deuses, em sua sublime beatitude eles nos cedem o usufruto. Quando o beneficiário é legítimo cidadão, logo entende que o excedente dos benefícios alcançados deve ser repassado ao próximo ainda carente.

A mais ampla forma de liberdade, é a vontade de libertar o outro. Mas quando a alma é pequena e o coração é mesquinho, a criatura quer tudo para si, assumindo o cativeiro da fome insaciável.
Quando um estado de escravidão é estruturado no poder de um senhor sobre seu servo, ainda cabe alguma forma de libertação. Mas quando ocorre a conjunção senhor/escravo no mesmo ser, a pessoa se torna escrava de si mesma, e a escravidão se perpetua.

O poder financeiro de um homem próspero só lhe representa liberdade, enquanto atende suas carências mais legítimas. Essa legitimidade só é assegurada quando é destituída de qualquer traço de vaidade, opulência ou ostentação. As pobres criaturas reféns dessas forças devastadoras desvirtuam a graça dos bens alcançados, e com as chaves dos céus, abrem para si mesmas as portas do inferno.

É verdadeiramente preocupante saber que homens prósperos e prestigiosos podem aceitar que suntuosos objetos de mera ostentação; qual palacetes, carros e joias, venham ofuscar e até suprimir o mais autêntico prestígio que ainda detinham enquanto cidadãos honrados.

Essa carência de felicidade, essa busca desenfreada pelo prazer, são essas forças negativas que impelem as pessoas à degradação da dignidade e a sujeição à promiscuidade. Caberá ao senso seletivo da consciência de cada um, sobrepor-se às exigências primárias do corpo, buscando na alteridade somente o superlativo dos valores comportamentais.

2 comentários:

  1. Que o poder financeiro, seja apenas uma ferramenta para se atingir a felicidade, e não nos prive da honra e da liberdade.

    ResponderExcluir
  2. Que o poder financeiro, seja apenas uma ferramenta para atingir a felicidade. E não nos prive da honra e da liberdade.

    ResponderExcluir

Páginas