- Ética -
Deus = essência = potência = liberdade > existência > ente > ego > vontade > ato > consumação > submissão.
Examinemos aqui, a razão do juízo de valor do fazer por querer, e o fazer por dever.
Considerando-se que o Supremo Ser, pode tudo que quer, mas não quer tudo que pode; talvez possamos entender a diferença entre poder fazer enquanto contenção de potência, e o querer fazer.
Tendo-se que a dotação do poder impele o fazer, caberá à quem faz, justificar o ato pela nobreza do propósito. Sendo a disponibilidade potencial representada pela liberdade de agir, o mais sublime emprego dessa liberdade, talvez seja justamente a concessão de existência ao ente.
Podendo o Supremo Ser, enquanto pura essência, negar-se à existir; é livre em sua potencialidade para engendrar a existência, através do estabelecimento da entidade.
Sendo o ente, a forma do Ser existir; será movido pelo mais rigoroso motor pelos deuses já concebido, cuja síntese se manifesta nos humanos, através do ego.
Qual outro sistema lograria tal êxito, quanto o egomecanismo, perante tão profusa diversidade de criaturas, para ministrar a auto sustentação da vida a cada uma delas, não fosse a vida dotada dessa própria vontade de viver?
Se considerarmos que a vontade de agir é o único impulso que conduz ao ato voluntário, talvez possamos aceitar que todo agente é coagido por essa vontade soberana, e isso nos aumenta a responsabilidade ao julgar o ato.
Precedendo o ato, a vontade engendra sua justificação de modo tão determinado e inconsequente, que não caberá ao agente considerar qualquer inconveniência resultante da consumação. Quem desvenda esse pequeno mistério, passa a compreender que só praticamos o mal, quando não resistimos à vontade de usufruir o bem que isso aparentemente nos faz.
Consumado o ato, translada-se da côrte autônoma do fôro íntimo a liberdade de auto julgamento, e estabelece-se a submissão. Será o ente enquanto gerúndio do Ser, o lavo manus meas dos deuses? Não nos atrevamos a conjecturar! O Ser, na plenitude da liberdade de emprego de sua potencialidade, está livre de julgamento. Vemos que nenhuma carência lhe impõe vontade, pois quem tudo pode, nada quer.
No campo ético, talvez essas considerações nos ajudem a avaliar o risco de delegarmos poder às pessoas incompatíveis com esse status, onde a vontade enquanto desejo as levará a praticar o delito, e o poder indevidamente assumido conflitará com a justa submissão à punição. E ver nos humanos, uma autoridade submetida à punição carcerária, talvez não constranja somente aos homens de bem, mas igualmente aos Deuses.
Muito interessante. Realmente se considerarmos o problema dos maus políticos, vemos que é muito perigoso darmos poder a essa gente despreparadas,através do voto impensado.
ResponderExcluirVera Henriques
ResponderExcluirExcelente reflexão caracterizada por uma aliança entre a filosofia moral de Kant e a visão de Heidegger a respeito da existência humana. Sob o crivo de uma perspectiva espiritual kardecista, diria que a identidade Ser/ente se expressa simultaneamente através do existir enquanto agir. O livre arbítrio em ambos se conjuga como ato realizado ou a realizar. Sendo a censura moral no homem, a própria consciência.
Sônia Bruno comenta:
ResponderExcluireste texto no leva a refletir sobre a importância da nossa existência e ainda sobre o autoconhecimento.Excelente mensagem!
Lindo texto. Um certo Paulo, o de Tarso; que um dia foi Saulo, disse: "Todas as coisas me são lícitas; mas nem todas me convém." O freio da lei de ação e reação intervém no livre-arbítrio. É claro que a minha visão é limitada pela falta de conhecimento filosófico e está calcada no pequeno estudo religioso. Muito inspirador!
ResponderExcluirSe nos foi delegado poderes,escolha.Que sejamos essência!!!
ResponderExcluirPara que,os deuses,não se deleitem,e nem nos punem,deixemo-nos levar pela
razão,pela moral,pela vontade nobre e não por nossos instintos grotescos,sór-
didos,menos nobre.
Não há julgamento pior do que sermos julgados por nossa própria consciên-
cia.
Fazer por prazer,visando o bem comum,é(seria)o ideal de uma política so-
cial.
Cada um é responsável por seus atos.
Liberdade ou cárcere!!