Os coloridos e o louro

- Conto infantil -

Não, crianças; o Seu Fuji Shì GõuExpressão da língua chinesa que significa "aquele que faz anzóis". não era um cabeleireiro que vendia falsas perucas louras. Ele era um simpático artesão que veio morar aqui, trazendo um negócio da china. Conta-se que chegou de navio, e que em sua bagagem todos os objetos eram feitos de arame fino, e que ao invés de caixas ou malas, tudo era embalado em grandes cestas também feitas em arame fino. 

Indagado sobre a estranha bagagem, Fují afirmou que só trazia um alí-cate, para fazer e vender aquilo, a quilo.Vemos que o Seu Fují fugiu da verdade, enrolou a alfândega com seu arame fino disfarçado em objetos, e logo que se alojou, começou a produzir terríveis anzóis que vendia aos pescadores. 

Um dos compradores era justamente o Seu FisherDo inglês - Pescador., um astuto inglês que morava perto. O negócio do artesão ia bem, até que o inglês teve a idéia de entrar em contato com seu primo americano chamado Mister SteelDo inglês - Aço, ou objeto feito de aço., que produzia na América um novo arame de aço que era inoxidável, e não enferrujava na água do mar como o arame de ferro que o Fují fingia que era aço. Junto com o novo arame, chegou também uma moderna máquina americana, que produzia anzóis aos milhares.  

Desocupado e triste, Fují  queixou-se ao inglês, que atenciosamente lhe instruiu para trabalhar com venda de peixes, ao invés de anzóis. Mas Fují não sendo pescador, rejeitou a idéia, até que Seu Fisher lhe ensinou: ouça, você pode criar peixinhos coloridos, e vender para decoração de aquários. E o artesão passou a ganhar muito com o novo negócio, até descobrirem que seus peixes coloridos eram em verdade, peixinhos comuns  habilmente pintados à mão, e postos à venda. 

Descoberta a fraude e ficando sem compradores, Shì Gõu chegou a xingar, mas logo ficou calmo, e passou seu negócio para Seu Joaquim, um velho pescador aposentado, que passou a produzir peixes coloridos autênticos, e tinha como ajudante em sua nova lojinha, um esperto e bem treinado papagaio que era ventríloquo. 

Toda vez que as crianças entravam na loja para comprar peixinhos coloridos, se assustavam com os preços altos, mas logo decidiam comprar, pois o louro malandro simulava um diálogo com os peixinhos, e olhando para um deles, dizia: olhe, peixinho, essa criança lhe achou muito bonitinho, mas diz que seu preço é muito alto. Então o peixinho “exclamava”: mas ela não sabe que eu sei, que ela não sabe que sei falar ! E a criança  afirmava:  sei sim, pô!  E logo comprava.
         
Agora, caro leitor, se você já tem um alí-cate aí, junte todo arame que catar, faça o que Fují fazia, venda a quilo, aqui, aquilo que o Fují vendia, sem fingir como o Fují fingia, nem fugir como o Fují  fugia. 

4 comentários:

  1. Seus textos, sempre repletos de ensinamentos, nos convida a buscar a Sabedoria para que tenhamos a capacidade de vivermos melhor.
    A começar pelo nome do personagem Fugí=fingir/fugir?!? é um banquete de sabedoria cuidadosamente elaborado por você e inspirado pelos deuses que nos ajudam a reconhecer os nossos erros, corrigir nossas atitudes e também reconhecer os sucessos de outros.
    Nos ensinamentos bíblicos aprendemos:"Adquiri a inteligência em troca de tudo o que possuis"(prov.4,7) e "...contra a sabedoria o mal não prevalece"(Sab 7,30)

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  2. Interessante, pois embora pareça uma apologia à esperteza,ficou bem claro que o êxito só virá, se a coisa for autêntica.

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  3. É interessante entender que não existe esperto, mais sim sábios que recebem o que plantam. O importante é o caráter, e isso não se muda. O homem sábio não atravessa seus princípios por qualquer motivo, ele muda suas concepções sem fazer uso da mentira. A qualidade é muito mais importante do que a quantidade. Fica claro a moral da história, e óbvio que não existe esperteza, mais sim sabedoria.

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    1. Pois é, caríssima leitora. Mesmo o comerciante,embora possa aplicar seus truques publicitários,deve apoiar-se na qualidade de sua mercadoria. Embora o papagaio ventríloquo (vendedor esperto), possa explorar a vaidade do comprador.

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