- Epistemologia -
Dynamis em grego é potência, força, poder. No plural, fala de grandes obras, grandes feitos, poderosa atuação; Dynameis.
Dynameis foi traduzido para o latim como virtus, virtutes, virtudes; ou como miráculum (do verbo mirari-admirar), estranho, admirável, milagre.
Tendo-se que todo conhecimento requer homologação científica, e considerando que os grandes sacerdotes tem como resultado do constante exercício de seu pensamento religioso, o desenvolvimento de acurado senso psicológico; vemos então que a teologia tende a assegurar sua perpetuidade através da estrutura psicológica de seus insights, legitimando assim, a atualização de seu conhecimento.
Essas considerações nos levaram a tomar a fé aqui, não como paixão, êxtase, fervor, enlevo ou crença; mas como certeza, força, poder: poder pelo conhecimento, pelo saber, pela comunhão. Assim, ao invés de milagres da fé, temos dynameis da fé.
Fé: fidus, fides, fidelidade, engajamento, apego, avidez, sede, sofreguidão, fome.
Fome: carência alimentar, necessidade intensa de adquirir algo, vontade de comer.
Comer: tomar por alimento, ingerir, nutrir-se, saborear, sentir o sabor.
Sabor: gosto, senso, razão, sabenza, sabença, sapiens, sapiente, sábio, saber.
Saber: obter o sabor, ter bom paladar, sentir pelo gosto, inteligir, conhecer, apreender, compreender, incorporar, unir num só corpo.
Tomou o pão e, abençoando-o, partiu-o e o deu aos discípulos, e disse: tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice e dando graças, deu-lho dizendo: bebei dele todos; porque isto é o meu sangue. Mt. 26.26-28.
O peso específico da água é 1:1. Isso nos diz que um decímetro cúbico (um litro) de água pesa um quilograma; um metro cúbico de água pesa uma ton. Sabemos que quando um líquido se gaseifica, tem seu volume aumentado à razão aproximada de 1:800(1 por 800) e perde densidade, obviamente.
Se alguém dispõe de uma ton. de água e quer transportá-la para um local de nível mais elevado, não dispondo de meios mecânicos para bombeá-la, poderá valer-se de meios térmicos, elevando a temperatura até ao ponto de ebulição, e a água transformada em vapor poderá ser canalizada até ao local desejado, para onde irá por si mesma e, perdendo calor, voltará por meio da condensação, ao seu estado líquido anterior.
Para isso não é necessária a força de um gigante, mas a sutileza de um pensamento. A mudança do estado de um líquido ou de um sólido para o estado gasoso, passa pelo processo de aumento da freqüência do movimento vibratório molecular, na razão direta do aumento da temperatura. Temos assim que, se aumentarmos a temperatura, estaremos aumentando também o movimento molecular; e se aumentarmos esse, estaremos aumentando a temperatura, e poderemos fazê-lo até ao ponto de gaseificação do corpo aquecido, que perderá densidade até flutuar no meio ambiente. E como vimos antes, pensar com sutileza é conhecer, saber, ter fé! Então: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, e a esse monte disserdes: ergue-te e precipita-te ao mar, assim será feito. Mt. 21.21.
Jesus, o Cristo (ungido) é a essência, o verbo, o pensamento, materializado. Enquanto essência da matéria, ele pode pensar a matéria. Cada molécula de um corpo material tem vida própria, ex-tensão própria e in-tensão própria. O pensamento do homem pode levar um bloco de moléculas em forma de uma barra de aço a atuar como peça de uma máquina, ou como um bisturi nas mãos de um cirurgião. Mas somos ainda a matéria pensante; não somos o pensamento (essência) materializante, mas o re-flexo desse pensamento. O homem não é ainda a Luz (o conhecimento, o verbo, a razão, o logos), nós os sapientes, somos o Lúcifer (porta luz), do saber. Por isso só podemos sutilizar -tornar sutil- a densidade da matéria, com emprego do fogo ou da fragmentação mecânica.
O Cristo (ou o homem do futuro, que possa saber a matéria), pode pensar as moléculas e acelerar seus movimentos a ponto de gaseificá-las por aumento da temperatura e perda de densidade, de forma que uma montanha poderá tornar-se numa imensa nuvem e ser transladada pelo vento até ao local onde o pensamento devolva às moléculas o seu estado anterior, e a montanha volte a assumir sua forma primitiva.
John D. Barrow é o astrônomo britânico que em parceria com o físico norte-americano Frank J. Tipler, em The anthropic cosmological principle, obra com 600 equações matemáticas, cerca de 1500 notas e referências bibliográficas, afirmaram: a vida, (como a conhecemos na mente humana) assumirá o controle de toda a matéria e de todas as forças, em todos os universos de existência logicamente possível.
E o Senhor fez retirar o mar por um forte vento toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. Ex. 14.21.
Quando o Cristo sentenciou: Comei dele todos! Não sugeriu uma antropofagia, mas estava propondo que a assimilação de seus ensinamentos salvaria a humanidade da longa noite de treva e sofrimentos impostos pelo desenvolvimento lento e gradual do homem enquanto matéria. Era o Espírito Santo materializado, propondo o grande salto qualitativo: comei-me, assimilai-me, saboreai-me, sabei-me. Mas era cedo demais. Ele teve que ir-se. Ficamos, e mergulhamos na longa noite. E ainda estamos confrontando o homem, lobo do homem! Mas, se por amor, o filho de Deus se antecipou e veio cedo demais, por esse mesmo amor, ele voltará quando os séculos nos imprimirem a devida compatibilização.
Somos máquina organizada (composta de órgãos) para assimilar por in-gestão, a matéria enquanto substância, e transmutá-la em movimento energético (energia cinética), de forma que essa matéria em movimento vem assimilando (comendo) a si mesma enquanto matéria inerte (alimento) e aumentando sua complexidade, a ponto de já lograr produzir pensamento consciente de todos os fenômenos materiais já inseridos no acervo do conhecimento humano.
Retornemos ao início desse texto e consideremos a breve decomposição etimológica vista ali e poderemos compreender que, quando o Cristo disse: “Comei!” ele propunha: sabei pela assimilação, pela incorporação (união num só corpo) do saber já pronto; ao invés de buscá-lo penosamente na matéria enquanto matéria. Espiritualizai; ele pretendeu dizer. Mas era cedo! Repetimos.
Familiaridade não é o termo pleno para explicar o poder do Cristo sobre a matéria, mas esse vocábulo servirá para compreendermos a possibilidade que temos de vir a exercer esse mesmo poder. A ego-consciência é um mecanismo primário, provisório e bem compatível com a fase presente do desenvolvimento humano. É justamente através desse ardil, que a natureza nos impõe a compulsão da auto-sustentação da vida e da manutenção da nossa prole, assegurando assim a perpetuação da nossa espécie.
Essa consciência parcial nos leva a pensar que a matéria componente do nosso corpo está à nossa mercê; que se organizou somente para propiciar nosso prazer de viver. Isso nos faz ignorar os legítimos propósitos da natureza, determinada a levar a matéria a pensar-se, para conhecer-se na multiplicidade de seus fenômenos. Não está interessada somente na simplória problemática da nossa manutenção, embora ceda para atender ao mister de nos mantermos duradouramente vivos, ínfima parte da poderosa mente que logrou desenvolver em nós.
Quando a maturidade secular substituir em nós, a ego pela pleni-consciência, saberemos então que somos um ente material dotado da faculdade de pensar, e essa identidade nos possibilitará pensar (mover) a matéria em todas as suas manifestações: pão, montanha, mar... e não somente em nosso corpo onde, por exemplo, nosso pensamento ordena que um braço se erga, e toda a matéria que compõe o braço nos obedece tão fielmente.
Então, os geólogos do futuro, os sábios em geologia, os geo-logos; através do domínio quântico-cognitivo de cada elétron em cada átomo de cada molécula, poderá pensar a montanha, (pensar por ela, visto que seus componentes geológicos compõem também o corpo do pensador a nível molecular, onde se organizam em forma de mente humana) e sentenciar: Ergue-te e precipita-te ao mar!
O processo civilizatório humano se caracteriza basicamente na ciência e na tecnologia.
Esses dois campos do conhecimento possibilitaram grandes realizações através do emprego das leis que regem a química, a física e a mecânica.
Todas as atividades físicas, seja o funcionamento das máquinas, seja o movimento do próprio corpo do homem, são previstas, apoiadas e explicadas pelas leis da física.
Enquanto a física da relatividade trata dos macrofenômenos da natureza, incluindo a gravidade, a física newtoniana trata dos demais fenômenos tangíveis.
Mas é a poderosa e sutil física quântica que rege o comportamento das micropartículas subatômicas nos múltiplos fenômenos intangíveis da matéria.
Todos os fenômenos físicos são explicados pelas leis da física; embora os fenômenos mais sutis ainda sejam considerados milagres e atribuídos às divindades.
O cego percebeu o alvoroço das pessoas e indagou o motivo. Informado que o Senhor Jesus Cristo passava ali naquele momento, pediu que o levassem ao grande mestre, afirmando: sei que se tocar o Seu manto, voltarei a enxergar, me levem!
Ao tocar o manto sagrado, exclamou: eu era cego, fui curado, estou vendo!
O santo olha o homem e afirma – vai, tua fé te curou!
O olho é um instrumento ótico acionado por células fotossensíveis. A disfunção do olho pode ocorrer por desajuste de seus principais componentes óticos, sejam córnea, cristalino, fóvea, íris, pupila, nervo ótico e retina.
Se o pensamento bem treinado pode comandar o imenso e complexo conjunto de células que compõe os dedos que golpeiam as teclas na exata cadência da música, não poderá rearranjar as células que compõem o bloco ótico do olho e devolver a visão do cego?
Basta crer fervorosamente que pode!
O poder do Cristo estava em sua credibilidade; em sua santidade, em sua divindade.
A fé em amuletos também já propiciou alguns “milagres”.
Quando ainda não sabemos que podemos nos equilibrar em uma reles bicicleta, nos parece impossível. Mas quando sabemos que podemos, podemos!